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sábado, 26 de fevereiro de 2011

Cabeças ocas e cheias de ar

O que passa pela cabeça desse comitê julgador para não reconhecer o magnífico trabalho presente no que foi um dos maiores sucessos de bilheteria e crítica na história da sétima arte?

Não que o Oscar seja uma premiação de real credibilidade. Tudo não passa de futilidade, um evento para promover os trabalhos da elite Hollywoodiana, cheio de status, glamour e muita alienação. Aliás, quem mais acha uma discriminação descarada a existência de uma categoria para ‘Filmes Estrangeiros’? Não é a Maior Premiação do Cinema Mundial? Percebesse logo o porquê de Jo Rowling ter exigido de Chris Columbus um elenco composto exclusivamente de atores britânicos.

Tudo bem, compreendo que logo de partida ninguém premiaria crianças amadoras sem nenhuma experiência anterior a não ser que as interpretações fossem chocantes, o que não foi o caso. Todavia, o resto do elenco não deveria ter sido ignorado. Os atores que incorporaram personagens adultos coadjuvantes e encantaram com interpretações vivas de figuras tão complexas e de difícil construção mereciam competir entre si pelos prêmios artísticos individuais. 

Inclusive, esse é outro ponto intrigante; Nenhuma das nove indicações da franquia foi em alguma categoria de arte. Lugar-comum no Oscar: Ignorar as interpretações nos filmes de fantasia ou terror, destacando apenas os efeitos técnicos. Visualiza-se logo certo pré-conceito embutido na visão dos analisadores de gosto mais conservador. 

Tudo isso nos leva a supor que para as produções de fantasia o fator humano não contribui destacadamente para o produto final. Amarga ilusão. Essa ideia não passa de um conceito  imposto por hipócritas cegos incapazes de compreender que a fantasia é um artifício para se alcançar a alma humana de um ângulo singular. No final das contas, de nós resta apenas esperar que a academia caia em si e tente se redimir de suas escolhas passadas. Quem sabe assim o Oscar deixe de ser só mais um instrumento na mão dos intelectuais esnobes e alcance a qualidade de tantos outros festivais de cinema injustamente menosprezados pelo público geral.

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